domingo, 21 de dezembro de 2008

...olho no espelho...


"...Eu sou livre como as aves
E passo a vida a cantar.
Coração que nasceu livre
Não se pode acorrentar..."

...é belo conhecer poemas, que grande parte de todos que nos rodeiam desconhecem, só por sentirem que não é "in"...fuck that..i'm so good, i know this letters! Sou feliz porque fui selectivo no que me rodeou e no que me rodeia. Mesmo que quem escreveu me desiluda...mesmo que se digam felizes...lembras-te? Sou eu, não morri! Quem chora agora? Sou eu...
Quem vai chorar? O tempo está alerta...

Li...reli,
Gostei...adorei,
Sabes quem sou?
Mas sabes mesmo?
o ser em mim clama por perdão,
chora por tudo o que se passou e passa...
basta-me o meu coração!

Mas sabes o tempo é bom...
estou a envelhecer!
E tu como estás?
Bem? Mal?
Ou a viver?

Como vivo tão simples
dócil de pensamento...
romântico?..talvez!
depende sempre do momento!

E tu? Felizes?
Será que é mesmo tão simples..
A estrela do mar?
lembras-te...?
É tão simples sonhar!

Fica o eterno sentimento de revolta,
o eterno sentimento de deixa para lá...
um dia voltará o sonho..
e a dúvida de quem sou ficará!

A lágrima corre no meu rosto...vive e sobrevive! Porque não se afasta? Porque não? Explica-me! O eterno sonhador sou eu...sim porque o sonho comanda a vida...admito cada vez mais que comanda! O colorido dos sonhos está aqui sem medo e a assumir que morrendo novo, vivo muito mais!
Sonhei com a minha morte...sinto quem me ama...sinto quem me odeia! Separam-se as glórias dos choros, no dia do juízo final! Uma ala festeja e outra chora a minha morte!
E sabes que mais? Encontrei-te a chorar...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

...recordar é tão bom!

Para a minha afilhada, a quem já ofereci o livro e para os meus primitos..

"E foi então que apareceu a raposa:

- Boa dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?

- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?

- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?

- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

- Criar laços?

- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito, suspirou a raposa.


Mas a raposa voltou à sua idéia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.


O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!


....


E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa..."


Antoine de Saint-Exupery